sexta-feira, 23 de julho de 2010

Quem tem medo dos anarquistas? ..Resposta à campanha mediática anti-anarquista

Em face de toda a histeria mediática que tem rodeado o anarquismo em Portugal desde a manifestação de 25 de Abril de 2007 – as supostas ameaças de morte por parte dos anarquistas a Cavaco Silva e a José Sócrates (Correio da Manhã, 7/05/2010), a fantasiosa cilada anarquista à PSP em pleno Bairro Alto (Diário de Notícias, 31/05/2010) ou a equiparação dos anarquistas à Al-Qaeda enquanto principais ameaças à cimeira da Nato em Lisboa (Diário de Notícias, 5/06/2010) -, não podemos deixar de nos pronunciar. Não o fazer seria permitir que tudo quanto foi dito por um jornalismo parcial e declaradamente nosso inimigo fosse deixado sem resposta e, consequentemente, tomado por verdade, uma vez que os objectivos e a intenção consciente por detrás de tais notícias são transparentes: denegrir a nossa imagem aos olhos de quem só sabe do anarquismo aquilo que lê nos jornais e encorajar uma posterior caça às bruxas contra nós. Assim sendo, respondemos de seguida à nossa própria pergunta. Quem tem medo dos anarquistas? E quais as razões desse medo?


A situação actual de crise do capitalismo e as suas consequências, se são sentidas por todos nós na própria pele, sob a forma do aumento das desigualdades sociais e da degradação constante das condições de vida, não escapam igualmente à atenção do Estado e dos seus corpos repressivos, preocupados com as eventuais repercussões que tudo isto poderá ter. Mesmo que, por enquanto, reine a paz social, temem que, mais tarde ou mais cedo, a paciência de um povo inteiro se esgote e, finalmente, estale a revolta. Em face disto, o Poder pergunta-se: “o que (ou quem) poderá servir de catalisador à revolta?” Tendo em conta os acontecimentos recentes na Grécia, a atenção mediático-policial volta-se necessariamente para nós.

Observando as movimentações anarquistas em Portugal, as autoridades estudam formas de as neutralizar rapidamente, antes que fujam definitivamente ao seu controlo. Os órgãos de comunicação social, juntam-se a esta campanha de criminalização do anarquismo. Assim, é do interesse de certos órgãos da imprensa apresentarem-nos colectivamente enquanto um grupo de “radicais” com uma ideologia "extremista”, que apenas procura semear a violência e o confronto a todo o custo. Se nos chamam “radicais” e “extremistas”, isso deve-se à nossa recusa total de um sistema assente na opressão e na exploração, que não pretendemos suavizar através de reformas, mudando apenas algumas coisas para que o essencial se mantenha. Pretendemos isso sim uma verdadeira igualdade social, onde não haja privilegiados, e em que o indivíduo possa ter autonomia e liberdade para decidir sobre a sua vida. Se não tememos o confronto, tão pouco vemos nele um fim em si mesmo.

Urge resistir! Há que vencer a passividade, o medo, as manipulações dos partidos e sindicatos, e agir! É preciso que os explorados e oprimidos se unam, pensem os seus problemas em comum e actuem sem intermediários.

Dito isto, é fácil de entender quem tem medo dos anarquistas.

Por mais que tentem, não nos hão-de calar!

Julho 2010


Centro de Cultura Libertária
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sexta-feira, 16 de julho de 2010

Desalojaram a Universidade Livre, "La Rimaia" (Barcelona)

10 pessoas detidas durante o desalojo, entre elas professores e alunos da Universidade Livre.

Depois de terem sido desalojados da Rua Casanova 17, a 2 de Fevereiro deste ano, hoje, 14 de Julho, assistimos a uma nova investida da brigada da policia catalã para nos tirar da Gran Via 550. Depois de meses de trabalho para reabilitar o espaço abandonado pela saga Guerrero Gilabert - conhecido por numerosas denúncias de especulação imobiliária, por estar no julgamento do caso Pretória e por controlar Gaesco, líderes no investimento em acções - os mercenários do capital actuaram e expulsaram-nos de um edifício do bairro e para o bairro.

Uma vez mais, o poder político tomou o partido dos especuladores, dos ladrões dos nossos tempos e das nossas vidas. Uma vez mais, não serviram de nada as reivindicações vizinhas (l'Associació de Veïns i Veïnes de l'Esquerra de l'Eixample va exposar a davant de la regidora del districte Assumpta Escarp una moratòria de llicències hoteleres i que la Universitat Lliure La Rimaia no fos desallotjada de la seva seu a gran via 550). Uma vez mais, os "mossos d'esquadra" (polícia catalã) entraram de madrugada sem seguir o procedimento que a via civil dita. Uma vez mais, quem manda nesta cidade prefere estar do lado dos ricos, dos que querem hotéis, dos que destroem os espaços comunitários do bairro, dos que só pensam numa lógica mercantilista.

Eles têm direito a especular e nós não temos direito à habitação nem a espaços alternativos de acção social fora do circo ridículo e infame da Câmara de Barcelona.

Nós trabalhamos para recuperar os espaços vazios e preenchê-los de pensamento, de reflexão e de acção para parar o seu projecto; o projecto de tirar-nos dos nossos bairros, dos nossos espaços de reunião, e tornar esta cidade num parque de diversões para turistas e à mercê dos lobbies empresariais. Como podemos ver, qualquer espaço popular representa uma ameaça ao "modelo Barcelona", ao parque turístico em que se converteu esta cidade, onde o direito a especular passa por cima dos direitos colectivos e das iniciativas populares. Querem reprimir-nos e encerrar-nos nas periferias, aos locais remotos, longe dos olhares públicos. Querem ocultar-nos e fazer-nos cúmplices do seu grande negócio empresarial. Ainda não entenderam que este é um esforço inútil.

A Universidade Livre La Rimaia é um projecto popular e autogestionado, livre de interesses económicos. Em La Rimaia fazem-se dezenas de actividades, dando espaço a numerosos colectivos e entidades. Trata-se de um espaço de reunião, de formação, de reflexão e de acção em torno de outras maneiras de ver o mundo, abrindo uma frincha no interior deste modelo cada vez mais alienante e individualista; um sistema cada vez mais podre, da cabeça aos pés. La Rimaia aloja a única biblioteca popular do bairro, aulas de formação, um espaço de informática com internet disponível para todos e múltiplos espaços polivalentes abertos a todos os vizinhos. Um lugar para o encontro e a transformação social, para fazer-nos mais fortes e mais livres.

La Rimaia segue batalha. Continua e não afrouxa. Não poderão desalojar a cultura popular!

(Tradução livre do texto publicado na página larimaia.org)

(Retirado de pt.indymedia.org)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Veredicto do julgamento dos detidos na manif anti-autoritária de 25 de Abril de 2007

Chegou hoje ao fim o julgamento dos 11 detidos (entretanto uma rapariga infelizmente faleceu) na manifestação anti-autoritária contra o fascismo e contra o capitalismo, de 25 de Abril de 2007.

Por ausência de prova, prova em contrário ou dúvida, o tribunal deu como não provados os actos apresentados pelo Ministério Público que eram por esse atribuídos aos arguidos e que se podiam enquadrar nos crimes de ofensa à integridade física agravada qualificada, injúria agravada e coacção e resistência sobre funcionário. Assim, todos os arguidos foram absolvidos de todas as acusações.