sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

CONCENTRAÇÃO CONTRA O DESPEJO DO CENTRO DE CULTURA LIBERTÁRIA

DIA 11 DE DEZEMBRO – SEXTA-FEIRA – 18 HORAS

Largo Alfredo Diniz (à saída dos barcos) – Cacilhas / Almada





O Centro de Cultura Libertária, espaço anarquista existente há 35 anos em Cacilhas, encontra-se ameaçado de despejo pelo proprietário. Após sentença do Tribunal de Almada, emitida no dia 2 de Novembro de 2009, foram dados 20 dias ao CCL para abandonar as suas instalações. O Centro de Cultura Libertária recorreu desta decisão do Tribunal, no passado dia 19 de Novembro, suspendendo a ordem de despejo.



Agora, aguarda-se a decisão do Tribunal sobre o recurso, que pode anular a decisão de despejo, levar a um novo julgamento ou reiterar a sentença já emitida. Não se pode prever qual será a decisão ou quanto tempo esta levará a ser tomada. Sabemos apenas que, caso o recurso seja recusado, teremos dez dias apenas para abandonar o espaço do CCL.



O Centro de Cultura Libertária vive momentos de absoluta incerteza quanto ao seu futuro. Mas uma coisa é certa: faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para dar continuidade ao CCL e para manter o espaço que este ocupa há 35 anos. Para tal precisamos da solidariedade de todxs xs que se revêem no CCL.



Para já o apoio monetário continua a ser muito importante, já que suportamos custos muito elevados para uma associação que vive apenas das contribuições dos seus associados e simpatizantes. O recurso custou-nos 2.000 euros em honorários do advogado e mais 75 euros da “taxa de justiça”. Em caso de perda do recurso, poderemos ter de pagar as custas judiciais. A salvaguarda do espólio do CCL, em caso de despejo, dará certamente lugar a novas despesas.



A motivação do proprietário do prédio é clara: despejar uma associação que paga uma renda mensal baixa (52,50 euros) e cujo contrato só pode ser rescindido através de uma acção de despejo, abrindo assim o caminho à rentabilização do espaço.

O papel do tribunal também é claro: defender o interesse dos proprietários e a propriedade privada, alicerces essenciais deste sistema baseado na desigualdade e na exploração.



Actualmente, o CCL é um dos raros locais anarquistas que se mantém em Portugal, único pela sua longevidade e pelo papel de preservação da memória histórica libertária que desempenha, mas também pela ligação afectiva que gerou em várias gerações de anarquistas, que nele encontraram um espaço de aprendizagem, de experimentação e divulgação das suas ideias.



O Centro de Cultura Libertária encarregar-se-á de agir a nível local, procurando a todo o momento, divulgar e estimular a revolta contra uma situação da qual não somos os únicos alvos. Encorajamos todas as formas de solidariedade dxs companheirxs que desejem potenciar a nossa luta noutros lugares.



Saúde e Anarquia!



Centro de Cultura Libertária

23 de Novembro de 2009







* * * * * * * * * *



Texto dirigido à população de Cacilhas:





Contra o despejo do Centro de Cultura Libertária!



O Centro de Cultura Libertária é um ateneu cultural anarquista que, desde há 35 anos, está sedeado no número 121 da Rua Cândido dos Reis, em Cacilhas. Tem sido um espaço único pela sua longevidade e pelo papel de preservação da memória histórica libertária que sempre desempenhou, mas também pela ligação afectiva que gerou nas várias gerações que por ele passaram, encontrando sempre nesta associação um espaço fundamental de pensamento, cultura e liberdade.



O Centro de Cultura Libertária foi fundado logo após o 25 de Abril de 1974 por velhos militantes anarquistas que resistiram à ditadura, tais como Francisco Quintal, Jaime Rebelo, Adriano Botelho, Sebastião de Almeida ou José Correia Pires, antigo prisioneiro do campo de concentração do Tarrafal e homem ligado ao associativismo em Almada. Desta forma, este espaço esteve, desde a sua origem, ligado à tradição de apoio mútuo e luta pela liberdade que sempre encontrou terreno fértil na cidade de Almada.



O Centro possui uma biblioteca e um arquivo únicos em Portugal, com material editado ao longo dos últimos cem anos, assim como uma livraria de cultura libertária. Durante a sua existência, o Centro acolheu várias actividades culturais, tais como debates, passagem de vídeos, exposições ou diversos ateliers. Diferentes publicações aqui se editaram, como o jornal “Voz Anarquista” nos anos 70, a revista “Antítese” nos anos 80, o “Boletim de Informação Anarquista” nos anos 90 e a revista “Húmus”, mais recentemente.



Em Janeiro de 2009, foi instaurada por parte do proprietário do edifício uma acção de despejo contra o Centro de Cultura Libertária. Esta acção foi contestada por vias legais, o que deu lugar a um julgamento que decorreu entre Setembro e Outubro. No dia 2 de Novembro, foi emitida a sentença que resultou na resolução do contrato de arrendamento, tendo sido dados 20 dias ao Centro para abandonar as suas instalações. O Centro recorreu desta sentença, de forma a suspender a ordem de despejo, encontrando-se neste momento a aguardar nova decisão judicial.



Na decisão do tribunal, não foram tidas em conta as testemunhas do Centro, incluindo dois vizinhos, tendo sido todo o crédito concedido às acusações do proprietário quanto ao suposto ruído que o centro produziria e à realização, por parte do mesmo, de pretensas festas que se prolongariam pela madrugada. O ruído que o Centro produz é apenas aquele que se pode esperar de uma associação durante o seu normal funcionamento e não justifica, de modo algum, uma acção de despejo. As condições de insonorização do prédio são, essas sim, muito más e constituem a causa do desconforto sentido pelas pessoas que moraram por baixo do Centro. O senhorio, contudo, nada fez, ao longo dos anos, para tentar solucionar esse problema.



A motivação do senhorio, proprietário de vários prédios e pensões na região de Lisboa, é clara: despejar uma associação que paga uma renda mensal baixa (52,50 euros) e cujo contrato só pode ser rescindido através de uma acção de despejo, abrindo assim o caminho à rentabilização do imóvel, alugando-o por um preço bastante mais elevado do que o praticado até agora.



O papel do tribunal é, também ele, bastante claro: defender o interesse dos proprietários e a propriedade privada, alicerces deste sistema baseado na desigualdade e na ganância.



Só nos foi possível suportar os elevados custos judiciais devido ao apoio de muitas pessoas que se solidarizaram com a importância que este espaço representa tanto a nível local como a nível nacional. Muitos inquilinos, confrontados com um processo semelhante, não teriam sido capazes sequer de enfrentar o senhorio em tribunal, por não terem condições para suportar as despesas. Para eles, um processo destes significaria, automaticamente, o despejo, nada podendo apelar à “Justiça” dos Tribunais.



À semelhança dos/as companheiros/as que lutaram para que este espaço existisse, resistiremos uma vez mais, e NÃO perderemos o CCL nem às mãos dos tribunais, nem da especulação imobiliária nem por nada. Apelamos, por isso, à solidariedade de todos aqueles e aquelas que também sentem que este espaço, parte integrante da identidade e da memória histórica de Cacilhas, deve continuar onde sempre esteve.



Continuaremos a lutar, com o vosso apoio e solidariedade, para que este espaço continue!



Centro de Cultura Libertária

23 de Novembro de 2009

[Grécia] Urgente: Comunicado de Anarquistas de Atenas

Os últimos dias têm sido visto incríveis orgias da Junta militar na Grécia.

Exemplos:

1) Os policiais com armas de fogo nas manifestações;

2) Policiais em motocicletas fazendo incursões contra manifestantes;

3) Policiais seguindo manifestantes pacíficos nas ruas, detenções indiscriminadas e selvagens;

4) Encenações preparadas, como a suposta tentativa de assassinato contra o reitor do Pritanea;

5) Um grande número de acusações vagas e até mesmo criminosas para deter as pessoas jovens e adultas;

6) Fechamento de escolas sob o pretexto da gripe suína e espancamentos na surdina de estudantes que queriam chegar às suas escolas;

7) Secretas encapuzados seqüestrando jovens manifestantes;

8) Maior nível de colaboração entre os neo-nazistas da Golden Dawn e a polícia;

9) Reuniões secretas entre Chrysohoides [ministro para a "proteção dos cidadãos"] e os diretores de canais de televisão e jornalistas para decidir como apresentar a informação na TV;

10) Câmeras secretas escondidas e helicópteros sobrevoando constantemente;

11) Tolerância zero, uma laranja amarga, ou uma pedra arremesada em um banco tornou-se um crime grave e um pretexto para um ataque da polícia;

12) Proibição de manifestações e reuniões políticas nas áreas de maior movimento, com intimidação policial massiva e revoltantes filas de averiguação;

13) Ataques hackers contra o Indymedia, páginas de okupas e TVXS (TV Sem Fronteiras), eliminando comentários;

14) Invasão e detenção preventiva em muitos espaços autogeridos;

15) De um modo orwelliano, os anarquistas e os rebeldes são chamados de "fascistas e nazistas!";

16) Eliminação do direito de asilo acadêmica, como uma Junta militar.

E muito mais!

Algumas dessas coisas aconteceram de forma isolada, e algumas ocorreram apenas durante a Junta Militar dos Coronéis (1967-1974), enquanto que outras nunca tinham acontecido antes, só agora. Nunca tinha passado todas juntas em tão curto espaço de tempo!

Parece que o choque que aconteceu aqui, e que eles escondem, tal como o indomável dezembro, tem o poder de ativar um plano de emergência, um novo “molde de gesso” [repetindo o pronunciamento da Junta em 1967].

Esses momentos são mais do que histórico. Estamos assistindo, pela primeira vez desde 1967, uma tentativa de impor um golpe de estado da polícia fascista. Se numa “democracia parlamentar" são capazes de cometer tais crimes, essa Junta é um pouco diferente, e nós todos temos que começar a entender. Os lemas anarquistas nas ruas estão começando a dizer sem rodeios: "Abaixo a Junta."

Há cumplicidade dos procuradores, dos reitores, das classes mais altas, da mídia burguesa e da polícia, e ainda não sabemos que outras forças locais e estrangeiras foram recrutadas. Ouvimos falar de pessoas desaparecidas. O clima é tão duro como durante a Junta.

Este não é o momento de ficar calado! Essa não é hora de relaxar!

Todos nas ruas - Sentadas em todas as partes!

Por favor, ajude a derrubar a Junta militar grega!

O regime está pelas vias de 1967!

Despertemos!

agência de notícias anarquistas-ana

nas ramagens embaciadas
o sol
abre frestas

Rogério Martins

[Grécia] Marchas solidárias e contra a repressão


[atualização de quarta e terça-feira]

Na manhã desta quarta-feira (9), estudantes atacaram a delegacia de polícia de Alexandria, em Amathia, com coquetéis molotov. Enquanto isso, varredores de rua e lixeiros renovaram a sua greve por mais 48 horas em Atenas. A cidade está tomada de montes de lixo que quase bloqueiam as ruas.

Na questão jurídica, três dos detidos em Tessalônica estão em prisão preventiva à espera de julgamento. Continuam em várias cidades gregas os processos legais de outras pessoas presas durante os últimos dias de manifestações.

Em Mytelene, na ilha de Lesbos, os manifestantes ocuparam quatro estações de rádio e leram comunicados exigindo a libertação imediata de todos os detidos.

Manolis Glezos, um veterano da Resistência conhecido por ter baixado a bandeira nazista sobre a Acrópole (a mais conhecida e famosa das acrópoles da Grécia) durante a ocupação denunciou as prisões como terrorismo de Estado contra o povo e o movimento, enquanto que a Associação de Advogados juntou-se a condenação dos detidos no espaço anarquista “Resalto” como repressão política.

Em mais uma armação policialesca, característica da ética do Estado grego, um menino foi liberado em Tessalônica, depois que a polícia admitiu que tinha "posto" uma mochila cheia de coquetéis molotov para ele. O jovem estava sendo acusado de carregar a mochila cheia de objetos incendiários. Mas um vídeo gravado por uma pessoa durante a sua detenção mostrou que ele não carregava nada, que tudo não passava de uma maquinação das autoridades. Os policiais não foram suspensos ou imputados.

Além disso, em um gesto de colaboração sem precedentes desde a Junta [dos Coronéis], as autoridades do reitorado da Escola de Direito de Atenas anunciaram medidas para desocupar e não permitir a entrada de não alunos em suas dependências.

Em Chania iniciou-se uma investigação sobre a colaboração entre a polícia e grupos fascistas durante os recentes distúrbios depois da publicação das fotos do chefe de operações abertamente coordenando os fachas. Os fascistas atacaram imigrantes em Chania duas vezes desde o fim das manifestações.

Os últimos acontecimentos na Grécia vêm em um clima de extrema tensão econômica no país, uma vez que a agência de classificação de risco de crédito Fitch rebaixou o rating de crédito da Grécia de A- para BBB+. A medida atinge os principais bancos gregos: Banco Nacional da Grécia (NBG), Banco Alpha, EFG Eurobank Ergasias (Eurobank) e Piraeus Bank. A agência enfatizou os "temores sobre a perspectiva de médio prazo para as finanças públicas, dada a fraca credibilidade das instituições fiscais e o cenário político na Grécia". A situação do orçamento grego é muito difícil. Esta descida resultou no colapso do mercado acionário, que se reduziu ao valor de dez anos atrás. O primeiro-ministro grego anunciou que o país está pela primeira vez em uma "crise de soberania nacional desde 1974”, acrescentando mais dramaticamente que "o país está em cuidados intensivos”. O governo teme que as reformas estruturais necessárias para aumentar o nível de qualificação da dívida pública possa levar à Grécia a uma agitação social que faria que a Revolta de Dezembro fosse apenas um distúrbio de sábado.

Nesta quarta-feira estava previsto o julgamento contra o anarquista Giannis Dimitrakis (detido em janeiro de 2006, depois de assaltar um banco no centro de Atenas). O julgamento foi suspenso e transferido para a próxima semana. Solidários que foram até o Tribunal puderam vê-lo de longe e saudá-lo com gritos de ânimo.

Terça-feira (8), além das manifestações solidárias no centro de Atenas e Tessalônica, também ocorreram atos públicos em Trikala, Chania, Rethymo, Giannena, e muitos bairros periféricos de Atenas. Da mesma forma ocorreram concentrações em paradas de metrô e nas praças centrais de Atenas, com distribuição de panfletos e lidos comunicados solidários e contra a repressão e pela liberdade dos detidos pelo megafone.

Em Mitilene e Tessalônica algumas estações de rádio foram ocupadas. Em muitas universidades os estudantes ocuparam os edifícios, após a realização de reuniões. Isto é uma resposta à enorme repressão e à entrada da polícia na universidade. Eles exigem, em primeiro lugar, a retirada dos encargos e à libertação imediata de todos os detidos por qualquer razão nos últimos dias e, segundo, que a polícia pare imediatamente de violar o asilo universitário.

Condenam também a política do Estado na educação e as condições de trabalho. Eles também exigiram a proibição dos despedimentos e a abolição das leis universitárias aprovadas pela administração passada (sobre a privatização, a entrada de empresas na universidade, etc.- isto foi aprovado em 2006-2007, apesar de um grande movimento estudantil, que só conseguiu parar algumas partes da nova legislação). Os estudantes e os anarquistas estão planejando novas manifestações para esta quinta e sexta-feira.

agência de notícias anarquistas-ana

em nosso universo
breve, passa, com pressa! e
graça, a borboleta

Issa

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Atualização dos acontecimentos na Grécia

[Pelo dinamismo e intensidade das atividades na Grécia é quase impossível escrever uma boa atualização sobre o que está acontecendo por lá, principalmente pelas dificuldades idiomáticas, mas “vamo que vamo”. Grécia em todas as partes!]

Nesta segunda-feira (7) houve manifestações em quase todas as cidades do país, especialmente estudantis. Algumas cidades que postaram informes de protestos - que foram desde ocupações de estações de rádio, ataques a alvos capitalistas e militares, até passeatas - pelo Centro de Mídia Independente de Atenas: Kozani, Ilha de Lesbos, Lefkada, Paros, Patras, Larissa, Veria, Rodes, Ilha de Creta, Katerini, Kalamata, Zakynthos, Trípoli, Samos, Volos, Chania, Ilha de Creta.

Em Atenas, ontem à noite, depois da manifestação e da forte repressão, houve uma reunião na Universidade Politécnica ocupada. As pessoas saíram de lá em passeata, tentando evitar alguma prisão, porque havia policiais por todas as partes. A ocupação acabou.

Em Tessalônica, após uma reunião na universidade, aconteceu uma manifestação de solidariedade com os detidos, exigindo a sua libertação. Em seguida, fecharam a rua Egnatia (uma das principais ruas da cidade) de 18h45 até 22h15. Eles deixaram o local somente depois que souberam que todos os presos em 7 de dezembro iriam ser soltos.

Há algumas manifestações de solidariedade convocadas para hoje (8) em Atenas, às 19 horas, e em Tessalônica, às 18 horas. Também há várias convocações e ações em alguns edifícios que ainda permanecem ocupados.

[Ultima hora]


A manifestação em Atenas em frente ao Parlamento foi proibida, o lugar estava tomado de policiais. Mas mesmo assim houve uma concentração de manifestantes.

Fotos: http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1203574

Em Tessalônica mais de duas mil pessoas participaram do protesto aos gritos de que "libertaremos todos os detidos".

Presos libertados

Hoje pela manhã, às 6h30, as 22 pessoas do Centro Social Anarquista "Resalto", em Keratsini, que estavam detidas foram libertadas. Os juízes estiveram reunidos por mais de três horas para tomar a decisão num processo que teve início às 14h30 de ontem.

Uma pessoa foi imposta sob a fiança de 15.000 euros; duas outras uma fiança de 5.000 euros; para outras 6 pessoas uma fiança de 3.000 euros; outras quatro pessoas não receberam qualquer tipo de fiança ou obrigação jurídica; para os demais foi ditado uma proibição de sair do país, comparecer e assinar um compromisso em uma delegacia de polícia de bairro (não sabemos com que regularidade).

Na saída do Tribunal estavam os esperando 30 companheiros e familiares. Ainda hoje, passam pelo Tribunal 41 pessoas que ocuparam a prefeitura da cidade.

Neonazistas

Há diversas fotos postadas no CMI Atenas revelando que membros do grupo neonazista Chryssi Avghi atuaram conjuntamente com as forças policiais gregas na repressão dos manifestantes.

Repressão


O nível de repressão visto em Atenas e outras cidades gregas nos últimos dias atingiram picos de brutalidade sem precedentes naquele país.

Segundo um anarquista londrino, "em abril deste ano, os jornais britânicos divulgaram que um destacamento da seção da Scotland Yard [polícia britânica equivalente ao FBI dos EUA], especializada na "luta contra o terrorismo" foram deslocados ao país mediterrânico, a fim de ajudar o Estado grego para melhorar o nível do seu próprio "terrorismo". Pouco mais de um mês depois, o novo "Delta Force" [os assassinos e terroristas dos comandos motorizados da polícia grega] já estava em serviço, causando ferimentos graves em vários manifestantes".

Ele continua: "As táticas usadas na repressão às manifestações deste mês, o golpe tático que levou à prisão ativistas de um centro social chamado "Resalto”, depois de invadir o local de uma maneira injustificada e brutal, a prisão “preventiva” de muitas pessoas quando se dirigiam para as manifestações com a desculpa de identificá-las, mas com o verdadeiro objetivo de manter as pessoas longe dos locais de luta, as tentativas de estabelecer uma "onda" em torno dos manifestantes... Isto soa familiar... Tudo isto cheira a colaboração britânica com assessoramento, formação e talvez financiamento".

"Quando você vê cortar a barba do vizinho, bote a sua de molho, diz um ditado popular. Acho que os grandes líderes da União Européia estão vendo que a resistência popular anarquista avança imparável, e se hoje é a Grécia, amanhã pode ser a Inglaterra, Alemanha, Espanha..."

Proteção ao cidadão?

O Ministro de Proteção ao Cidadão do novo governo "socialista" grego falou que "durante as manifestações a polícia se quer arranhou algum manifestante". Por outro lado, um policial que preferiu não se identificar disse a um jornal local que "os confrontos não foram significativos, os protestos aconteceram como esperado".

Grande mídia

De acordo com informes veiculados na grande imprensa grega, "especialistas" políticos e agências de inteligência da Europa já temem que a instabilidade grega se espalhe por toda a região. "A Grécia é o ponto fraco da Europa e há a possibilidade de que elementos radicais inspirem outros países europeus", disse um analista ateniense sobre terrorismo.

Humor

Um político direitista grego expressou num jornal local a seguinte frase/pergunta: "Como é possível que as autoridades deixem que um bando de anarquistas tirem e queimem uma bandeira da Grécia e ainda icem no alto de um prédio público uma bandeira anarquista?".

agência de notícias anarquistas-ana

Girassol na tarde
se curva em reverência:
o sol se vai.

Anibal Beça

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Últimas notícias da Grécia

Atenas e outras cidades da Grécia estão hoje (7) em alerta após os violentos distúrbios do fim de semana e diante das grandes manifestações convocadas para o meio-dia desta segunda-feira, em memória ao assassinato de Alexis Grigoropoulos por um policial, há um ano.

Hoje logo pela manhã cerca de 500 alunos do ensino médio tinham bloqueado as avenidas centrais dos subúrbios da capital.

Por outro lado, cerca de 100 jovens fizeram uma manifestação nos arredores da delegacia do bairro de Alimo, na parte sudeste de Atenas.

Em meio a uma grande mobilização das forças da ordem, 10.000 policiais, o acesso às ruas que cercam o centro de Atenas estão fechadas, na previsão de uma ida em massa de pessoas ao protesto.

Os funcionários do setor público convocaram uma greve de três horas para hoje.

Centenas de pessoas ficaram feridas, e cerca de 500 foram detidas neste fim de semana em confrontos entre a polícia e grupos de manifestantes em Atenas e outras cidades, à margem de grandes manifestações em lembrança ao primeiro aniversário do assassinato de Alexis Grigoropoulos.

Breves notas de ontem (6) à noite em Atenas e de cidades menores da Grécia

Em Patras, aproximadamente 2.000 pessoas participaram da manifestação pelas ruas centrais da cidade. Os manifestantes atacaram a prefeitura e destruíram vários bancos. Pelo menos 50 pessoas foram presas.

O protesto em Xanthi começou com barricadas em chamas. Os escritórios da Companhia Elétrica Nacional foram alvejados com coquetéis molotov.

Houve distúrbios durante à noite na cidade de Ioannina. Vários bancos foram destruídos e 40 pessoas presas. Um centro social antiautoritário na cidade foi invadido pela polícia.

Em Volos, também aconteceram confrontos entre manifestantes e policiais durante a marcha que reuniu aproximadamente 1.500 pessoas.

Foram registrados confrontos entre manifestantes e a polícia na cidade de Agrinio. Um carro da polícia foi incendiado após o lançamento de um coquetel molotov e as estradas principais da cidade foram fechadas pelos revoltosos. Os manifestantes danificaram diversos prédios capitalistas e estatais.

Em Serres houve um ataque ao Tribunal de Justiça da cidade com bombas de tinta. Ninguém foi detido.

Na ilhas de Rodas e Creta dezenas de pessoas foram presas durante os protestos.

As pessoas detidas no espaço anarquista “Resalto” no sábado (5) foram transferidas para um Tribunal de Pireu. Uma manifestação de solidariedade em frente ao Tribunal foi atacada pela polícia com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

No centro de Atenas continuaram as batalhas em torno da ocupada Universidade de Direito e a sala do Reitor. A imprensa está divulgando notas que o Reitor foi ferido pelos manifestantes durante a ocupação do prédio, na verdade, ele foi hospitalizado devido a problemas cardíacos crônicos, que se agravou nos últimos dias pelo estresse. A polícia está tentando aproveitar o noticiário falso para romper o asilo universitário e evacuar o edifício. A polícia já quebrou brevemente o asilo universitário da escola de Direito ao entrar na frente do prédio e perseguir os manifestantes.

Ainda em Atenas, torcedores que assistiam uma partida de futebol no Estádio Olímpico foram atacados pela polícia após gritarem slogans contra a repressão de hoje. Uma faixa foi erguida nas arquibancadas em homenagem a Alexis. O jogo chegou a ser suspenso por meia hora.

Um espaço da Rede de Direitos Humanos e Civis foi invadido pela polícia, que jogaram gás lacrimogêneo para forças sua desocupação.

A Senhora Koutsoumbou permanece internada com hemorragia interna e possível dano cerebral. Ela foi atropelada de propósito por um policial motorizado durante uma manifestação.

À noite, no centro de Atenas, apesar do estado de terror, cerca de 1000 pessoas conseguiram atravessar as barreiras policiais para chegar ao memorial de Alexis Grigoropoulos, no ponto de seu assassinato, em Exarchia. Foi realizado um minuto de silêncio às 21 horas, horário da morte de Alexis. Em seguida, os manifestantes marcharam até a praça central de Exarchia, mas o seu caminho para a Politécnica foi bloqueado pela polícia, que continuam a cercar as instalações ocupadas da universidade. Uma enorme bandeira anarquista está içada no alto do prédio da universidade.

Antes houve tensão na delegacia de Atenas, quando a polícia negou o acesso a advogados, que iam se reunir com as 177 pessoas detidas nas manifestações.

Em Tessalônica, a polícia quebrou novamente o asilo universitário entrando no salão principal da Universidade Aristotélica para prender um homem. Há 88 pessoas presas na cidade pelas manifestações.

Vídeo dos anarquistas retirando uma bandeira da Grécia e içando uma vermelho e negra no alto do prédio ocupado da Politécnica: http://www.youtube.com/watch?v=7zbf-4u8PiE

Vídeo Tessalônica: http://www.youtube.com/watch?v=J8arBWwl-B0&feature=player_embedded

Vídeo Atenas: http://www.youtube.com/watch?v=tppCRtD-SiA

http://www.zougla.gr/page.ashx?pid=2&aid=84827&cid=4

Fotos Atenas: http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1202181

http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1202245

Fotos Tessalônica: http://athens.indymedia.org/front.php3?lang=el&article_id=1202158

agência de notícias anarquistas-ana

Na tarde sem sol
folhas secas projetando
sombras em minh'alma.

Teruko Oda