sexta-feira, 16 de julho de 2010

Desalojaram a Universidade Livre, "La Rimaia" (Barcelona)

10 pessoas detidas durante o desalojo, entre elas professores e alunos da Universidade Livre.

Depois de terem sido desalojados da Rua Casanova 17, a 2 de Fevereiro deste ano, hoje, 14 de Julho, assistimos a uma nova investida da brigada da policia catalã para nos tirar da Gran Via 550. Depois de meses de trabalho para reabilitar o espaço abandonado pela saga Guerrero Gilabert - conhecido por numerosas denúncias de especulação imobiliária, por estar no julgamento do caso Pretória e por controlar Gaesco, líderes no investimento em acções - os mercenários do capital actuaram e expulsaram-nos de um edifício do bairro e para o bairro.

Uma vez mais, o poder político tomou o partido dos especuladores, dos ladrões dos nossos tempos e das nossas vidas. Uma vez mais, não serviram de nada as reivindicações vizinhas (l'Associació de Veïns i Veïnes de l'Esquerra de l'Eixample va exposar a davant de la regidora del districte Assumpta Escarp una moratòria de llicències hoteleres i que la Universitat Lliure La Rimaia no fos desallotjada de la seva seu a gran via 550). Uma vez mais, os "mossos d'esquadra" (polícia catalã) entraram de madrugada sem seguir o procedimento que a via civil dita. Uma vez mais, quem manda nesta cidade prefere estar do lado dos ricos, dos que querem hotéis, dos que destroem os espaços comunitários do bairro, dos que só pensam numa lógica mercantilista.

Eles têm direito a especular e nós não temos direito à habitação nem a espaços alternativos de acção social fora do circo ridículo e infame da Câmara de Barcelona.

Nós trabalhamos para recuperar os espaços vazios e preenchê-los de pensamento, de reflexão e de acção para parar o seu projecto; o projecto de tirar-nos dos nossos bairros, dos nossos espaços de reunião, e tornar esta cidade num parque de diversões para turistas e à mercê dos lobbies empresariais. Como podemos ver, qualquer espaço popular representa uma ameaça ao "modelo Barcelona", ao parque turístico em que se converteu esta cidade, onde o direito a especular passa por cima dos direitos colectivos e das iniciativas populares. Querem reprimir-nos e encerrar-nos nas periferias, aos locais remotos, longe dos olhares públicos. Querem ocultar-nos e fazer-nos cúmplices do seu grande negócio empresarial. Ainda não entenderam que este é um esforço inútil.

A Universidade Livre La Rimaia é um projecto popular e autogestionado, livre de interesses económicos. Em La Rimaia fazem-se dezenas de actividades, dando espaço a numerosos colectivos e entidades. Trata-se de um espaço de reunião, de formação, de reflexão e de acção em torno de outras maneiras de ver o mundo, abrindo uma frincha no interior deste modelo cada vez mais alienante e individualista; um sistema cada vez mais podre, da cabeça aos pés. La Rimaia aloja a única biblioteca popular do bairro, aulas de formação, um espaço de informática com internet disponível para todos e múltiplos espaços polivalentes abertos a todos os vizinhos. Um lugar para o encontro e a transformação social, para fazer-nos mais fortes e mais livres.

La Rimaia segue batalha. Continua e não afrouxa. Não poderão desalojar a cultura popular!

(Tradução livre do texto publicado na página larimaia.org)

(Retirado de pt.indymedia.org)

Sem comentários: